Atualizado em 16/04/2025 – 18:08
Com a chegada da Páscoa, o Espírito Santo ganha ainda mais visibilidade no cenário nacional da produção de chocolate. O estado é o 4º maior exportador de derivados do cacau do Brasil e também um dos principais produtores da fruta, que é matéria-prima do doce, ficando atrás apenas de Bahia e do Pará.
De acordo com dados da Gerência de Dados e Análises da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (GDN/Seag) do ano de 2023, o Estado produz mais de 12 mil toneladas de cacau – quantidade que representa 4,1% da produção do país – alcançando um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 185,5 milhões.
“Neste período em que o chocolate ganha protagonismo nas prateleiras e nas mesas, a produção capixaba mostra que também tem muito a oferecer. Mais do que um doce típico da Páscoa, o chocolate produzido com cacau do Espírito Santo é resultado de uma cadeia produtiva sólida, qualificada e em expansão, que contribui para a economia local e para a valorização do produto nacional no mercado internacional”, destaca o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.
A fruta é produzida em 50 municípios capixabas, mas Linhares se destaca nessa produção, concentrando mais de dois terços do total estadual. Linhares é a sede de uma das mais conhecidas indústrias de chocolate do estado, a Espírito Cacau. O presidente e fundador da empresa, Paulo Gonçalves, explica que a pegião Norte do Espírito Santo apresenta as condições ideais para o cultivo do cacau.
“O Espírito Santo vem despontando na produção de cacau e chocolate por associar matérias-primas de qualidade com tecnologia, sem perder a tradição. O cacau produzido no Estado é diferenciado e nos permite criar produtos que conquistam diferentes paladares e trazem o verdadeiro sabor do chocolate”, acrescenta Paulo Gonçalves.
O Espírito Santo é o quarto maior exportador de derivados de cacau no Brasil. Em 2025, até o mês de fevereiro, o Estado registrou aumento de 5,9% nas divisas geradas pelas exportações (de US$ 2,7 milhões para US$ 2,9 milhões), embora tenha apresentado uma queda de 13,9% no volume exportado em relação ao mesmo período de 2024. Os números mostram a tendência de valorização dos produtos com maior valor agregado, como é o caso do chocolate.
A produtividade do cacau no Espírito Santo também tem mostrado resultados expressivos. Nos últimos quatro anos, o Estado registrou o maior crescimento entre os principais produtores do país, com um avanço de 19,7%, atingindo 778 kg por hectare em 2023 — a segunda maior produtividade nacional, ficando atrás apenas do Pará.
O estado tem a meta ousada de alcançar a marca de 20.045 toneladas de cacau até 2032. A estimativa faz parte do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (PEDEAG 4) e representa um aumento superior a 70% em relação à produção registrada em 2022.
A Páscoa capixaba
O feriado de Páscoa representa a melhor época do ano em vendas para muitos produtores capixabas de derivados de cacau. Marcos Birchler Redighieri, responsável pelo chocolate Capitão Redighieri, produzido em Santa Teresa destaca o impacto nos números: “Essa época é a melhor do ano para a gente. Nossas vendas aumentam 40%, talvez até mais, durante esse período”.
Fabiani Reinholz, da Reinholz Chocolates e presidente da Associação Mulheres do Cacau de Colatina, também percebe o impacto do feriado: “A Páscoa é a melhor época do ano para a chocolateria, trazendo uma oportunidade de alcançarmos novos clientes. Este ano, percebemos uma procura maior para os ovos de páscoa, principalmente aqueles com pistache e com castanha. Houve também uma procura por chocolates mais intensos, sem açúcar”.
Produtores do Espírito Santo
A produção no estado tem uma forte base na agricultura familiar, que representa cerca de 70% dos 2.806 estabelecimentos produtores de chocolate no Estado. Os pequenos e médios negócios de chocolate locais investem na diversificação dos produtos com o uso de ingredientes locais.
“Buscamos a valorização dos ingredientes da terra e produzimos chocolates com castanha de sapucaia, com jabuticaba, com pimenta-rosa e também com café conilon”, destaca Marcos Birchler Redighieri, da Capitão Redighieri.
Alguns desses produtores, investem também na produção de chocolate associada ao agroturismo, como é o caso de Fabiani Reinholz, da Reinholz Chocolates: “Também realizamos o agroturismo, o turismo de experiência, e proporcionamos aos nossos clientes a oportunidade de vir e conhecer todo o processo de fabricação dos nossos chocolates, desde o cultivo da lavoura de cacau até o processamento final”, conta a produtora.
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