quinta-feira, novembro 21, 2024
No menu items!
HomeAcontece no ESALES aprova urgência para projeto que proíbe visitas íntimas

ALES aprova urgência para projeto que proíbe visitas íntimas

Na sessão ordinária desta terça-feira (12), a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) aprovou um pedido de urgência para o Projeto de Lei (PL) 586/2024, que propõe a proibição de visitas íntimas a presos condenados por crimes contra a dignidade sexual no estado. O requerimento foi apresentado pelo autor do projeto, deputado Lucas Polese (PL), mas o debate entre os parlamentares foi marcado por divergências quanto à constitucionalidade e ao mérito da proposta.

O vice-líder do governo, Tyago Hoffmann (PSB), ponderou que a matéria envolve o Código Penal, um tema de responsabilidade federal. “Sou a favor da tese, mas é uma matéria de Código Penal. Vamos criar um constrangimento para a Casa. Deveríamos discutir fora do regime de urgência”, comentou. Polese, no entanto, sustentou que o projeto diz respeito a uma regulamentação penitenciária, uma competência que ele considera estadual. Ele argumentou que a proposta busca restringir visitas íntimas como uma medida pedagógica, aplicando-se exclusivamente a condenados por crimes sexuais.

Parlamentares da oposição, como a deputada Iriny Lopes (PT), questionaram a urgência da matéria e sua legalidade. Lopes alertou para o risco de que a proposta, caso aprovada, seja derrubada por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), citando o precedente de Goiás. “O tema é delicado, merece rito normal. Não podemos fazer mais uma vez uma legislação que qualquer Adin vai derrubar”, afirmou. A deputada também advertiu contra o caráter “vingativo” da medida, defendendo que o sistema prisional deve atuar para a ressocialização dos detentos.

A deputada Camila Valadão (Psol) manifestou-se contrária ao regime de urgência e ao mérito do PL, enfatizando que a restrição de direitos aos detentos pode ter impactos negativos para o sistema prisional. Ela destacou que a maior parte dos crimes sexuais ocorre em ambiente familiar, cometidos por pessoas próximas às vítimas, como pais e avós.

Entre os apoiadores do projeto, o deputado Callegari (PL) ressaltou que os condenados por crimes graves deveriam ter menos direitos, por terem “aterrorizado a sociedade”. No entanto, ele expressou dúvidas sobre a constitucionalidade do projeto, ainda que concordasse com seu mérito. Ele ainda mencionou que muitas mulheres são forçadas a visitar presos, questão que foi corroborada pelo deputado Denninho Silva (União).

Após as discussões, o pedido de urgência foi aprovado e o projeto estará na pauta da Ordem do Dia na sessão de quarta-feira (13). Em seus comentários finais, Iriny Lopes criticou o que chamou de “discursos fáceis”, destacando a importância de tratar o tema com responsabilidade, e observou que a desumanização dos detentos pode resultar em maiores riscos à sociedade. Camila Valadão também reforçou a necessidade de seriedade no tratamento dos crimes sexuais, lembrando a gravidade e a frequência desse tipo de violência, especialmente contra mulheres e crianças, no contexto familiar.

A deputada Janete de Sá (PSB) votou favoravelmente ao requerimento, reconhecendo a dor das mulheres envolvidas. Ela defendeu penas mais consistentes e mecanismos para lidar com aqueles que cometem crimes sexuais, mas ponderou que proibir visitas íntimas não necessariamente melhoraria o sistema prisional.

ARTIGOS RELACIONADOS

mais lidos

plugins premium WordPress